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Na França, Haddad diz que comunicado do Copom foi ‘muito ruim’ e não alivia a situação

Ministro Haddad acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem à França. Ele declarou que juros altos também geram impacto nas contas públicas a na inflação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Reprodução/TV Globo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (22) que o comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central é “muito ruim” e não “alivia a situação”.
A declaração foi dada na França, onde ele acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e foi repassada por sua assessoria de imprensa.
Nesta quarta-feira (21), o Copom manteve a taxa básica de juros estável em 13,75% ao ano, e não trouxe indícios sobre uma eventual redução da taxa de juros nas futuras reuniões.
“Comunicado, como de hábito, o quarto comunicado muito ruim. Todos foram ruins. Às vezes ele alivia na ata [documento divulgado na semana seguinte aos encontros do Copom], mas não alivia a situação”, disse o ministro Haddad.
O mercado financeiro passou a projetar, desde a semana passada, um corte da taxa de juros de 13,75% para 13,50% ao ano em agosto. Havia expectativa entre os analistas que o comunicado do Copom pudesse trazer alguma indicação sobre esse movimento.
Porém, diferentemente dos comunicadores anteriores, desta vez, o comitê não sinalizou a possibilidade de aumento da Selic.
Na visão de Haddad, há um “descompasso” entre o que está acontecendo com o Brasil, com queda do dólar, da curva de juros no mercado futuro e com a atividade econômica, com a visão do Banco Central.
“É claro o sinal de que podíamos sinalizar um corte da taxa Selic, que é a mais alta do mundo. De longe do segundo colocado. Estamos aí com juro real [desconta a inflação estimada para os próximos 12 meses] que deve estar batendo em 8% [ao ano]. Essa que é a realidade, e aí tem o impacto na bolsa, no varejo, os impactos conhecidos”, acrescentou o ministro.
Impacto nas contas públicas e na inflação
De acordo com Haddad, a decisão do Copom de manter a taxa de juros estável no atual patamar, o maior em seis anos e meio, vai impactar as contas públicas – por meio do aumento dos gastos com juros.
“Os etados estão perdendo a arrecadação, os municípios estão perdendo a arrecadação. A União não está performando. Há outras questões sendo resolvidas”, disse o ministro.
Segundo Haddad, a decisão do Copom significa que o país estaria “contratando problemas com essa taxa de juros, futuro”. “Está contratando inflação futura ou aumento da carga tributária futura”, declarou o ministro.
Comunicado do Copom
Além de não sinalizar corte de juros nas próximas reuniões, embora tenha retirado a expressão de que poderia voltar a subir a taxa Selic, o comunicado do Copom também pede “paciência e serenidade”.
“O comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária”, afirma o texto divulgado pelo Banco Central.
O Copom informou ainda que a política de manter a taxa em 13,75% vem surtindo os efeitos desejados de segurar a inflação. O Copom afirmou que o momento é de “paciência” e “serenidade”.
Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem. Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Na semana passada, os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação deste ano, de 5,42% para 5,12%, e passaram a projetar uma inflação de 4% para 2024.
A meta de inflação do próximo ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Críticas de Lula ao patamar de juros
O governo Lula tem pressionado o Banco Central a reduzir a taxa de juros. A avaliação é que o atual patamar da Selic inibe o crescimento da economia.
Nesta segunda-feira (19), em transmissão pela internet, Lula voltou a dizer que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, precisa explicar à população por que a Selic permanece em 13,75%.
“Apenas o juro precisa baixar, porque também não tem explicação. O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque eu já sei o porquê ele não baixa, mas ao povo brasileiro e ao Senado, [explicar] por que ele não baixa [a taxa]”, disse.
Nesta quarta-feira (21), 51 integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República, chamado de Conselhão, se juntaram às críticas e divulgaram uma carta aberta ao presidente do Banco Central e aos diretores da instituição pedindo corte na taxa básica de juro.

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