Bolsas da Europa e dos Estados Unidos registram quedas generalizadas. O presidente dos EUA, Donald Trump, durante coletiva de imprensa em 27 de fevereiro de 2025
REUTERS/Kevin Lamarque
Os mercados internacionais operam com queda generalizada nesta terça-feira (4) após Canadá, China e México anunciarem novas taxas a produtos dos Estados Unidos, em resposta ao ‘tarifaço’ do presidente Donald Trump.
Nos EUA, os mercados também iniciaram as negociações do dia em terreno negativo. Todos os principais índices acionários do país — Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq 100 — operavam com baixas de mais de 1% por volta das 12h.
Além disso, o preço do dólar pelo mundo também recua neste pregão. O índice dólar DXY — um indicador que calcula o desempenho do dólar em relação a uma cesta de moedas de outros países — caía 0,35%, no mesmo horário.
As quedas na Europa são ainda mais expressivas. As bolsas de valores da Alemanha, Itália, Espanha e França operavam, no mesmo horário, com baixas de cerca de 3%. O índice Stoxx 600, que reúne 600 empresas de pequeno, médio e grande porte da Europa, recuava 1,85%.
A maioria das bolsas asiáticas, que já encerraram as negociações deste pregão, fecharam em baixa. No Japão, o índice Nikkei 225 caiu 1,20%, enquanto o índice Hang Seng, de Hong Kong, recuou 0,28%. A única alta veio do índice Xangai Composto, da China continental, que subiu 0,22%.
Cautela com uma guerra comercial
O movimento de queda generalizada pelo mundo é um reflexo da maior cautela dos investidores com a crescente percepção de que o mundo pode passar por um período de guerras comerciais, depois dos EUA iniciarem uma série de medidas que impõem tarifas sobre vários países e produtos.
Nesta terça, entraram em vigor as tarifas de 25% que Trump impôs sobre todas as importações que chegam do México e do Canadá aos EUA, além de tarifas adicionais de 10% sobre tudo que vem da China.
As taxas sobre México e Canadá foram adiadas por 30 dias, mas o presidente norte-americano afirmou que o início da tarifação é consequência da contínua entrada de drogas provenientes dos países taxados nos EUA.
“Não podemos permitir que esse flagelo (a entrada de drogas) continue prejudicando os EUA. Portanto, até que ele pare ou seja seriamente limitado, as tarifas propostas programadas para entrar em vigor no dia 4 de março entrarão, de fato, em vigor, conforme programado”, disse Trump. “Da mesma forma, será cobrada da China uma tarifa adicional de 10% nessa data”.
Além das taxas sobre os três países, Trump também já anunciou uma série de outras medidas e semelhantes, como:
tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio que chegam aos EUA, a partir de 12 de março;
a cobrança de tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos, a partir de 2 de abril;
a promessa mais recente, feita nesta segunda-feira (3), de impor tarifas de importação a todos os produtos agrícolas que chegam ao país também a partir de 2 de abril.
Como resposta ao tarifaço, que começa afetando China, México e Canadá, estes três países foram os primeiros a anunciar novas taxas contra os EUA.
O Canadá foi o mais rápido a reagir e anunciou uma medida de retaliação ainda nesta segunda-feira. Em comunicado, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que o país iria impor tarifas de 25% sobre US$ 107 bilhões em produtos dos EUA. Segundo Trudeau, parte das medidas entraria em vigor já nesta terça-feira (4), enquanto o restante passaria a valer em um prazo de 21 dias.
“Nossas tarifas permanecerão em vigor até que a ação comercial dos EUA seja retirada e, caso as tarifas dos EUA não cessem, estamos em discussões ativas e contínuas com províncias e territórios para buscar diversas medidas não tarifárias”, acrescentou o primeiro-ministro canadense.
Depois, foi a vez da China. Pequim não apenas impôs novas taxas de 10% a 15% sobre as exportações agrícolas dos Estados Unidos, como também anunciou novas restrições de exportação e investimento a 25 empresas dos EUA, afirmando “motivos de segurança nacional”. (Entenda mais abaixo)
Segundo o governo chinês, produtos como frango, trigo, milho e algodão dos EUA terão uma taxa adicional de 15%, enquanto soja, sorgo, carne suína, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios sofrerão uma tarifa extra de 10%. As medidas passam a valer em 10 de março.
Nesse caso, a expectativa é que as novas taxas impostas pela China afetem cerca de US$ 21 bilhões em exportações de produtos agrícolas e alimentícios norte-americanos, deixando as duas maiores economias do mundo um passo mais perto de uma guerra comercial total.
O país já tinha anunciado tarifas de 15% para carvão e gás natural liquefeito (GNL) e taxas de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis dos EUA em fevereiro, também em retaliação às medidas de Trump.
“Tentar exercer pressão extrema sobre a China é um erro de cálculo e um engano”, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim em uma entrevista coletiva, acrescentando que a China nunca sucumbiu à intimidação ou à coerção.
A China ainda afirmou que vai investigar alguns produtores norte-americanos de um tipo de fibra óptica por burlarem medidas antidumping, além de ter suspendido as licenças de importação de três exportadores norte-americanos e interrompido embarques de madeira serrada vindos dos EUA.
Pequim também adicionou 15 empresas norte-americanas à sua lista de controle de exportação, que proíbe empresas chinesas de fornecer tecnologias de uso duplo a empresas dos Estados Unidos, e colocou 10 empresas norte-americanas em sua Lista de Entidades Não Confiáveis por venderem armas para Taiwan. A China reivindica o país como seu próprio território, embora a ilha autônoma rejeite isso.
Por fim, veio o México. Nesta terça-feira, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum condenou as tarifas impostas pelos Estados Unidos e prometeu uma retaliação aos norte-americanos.
Segundo a chefe de Estado mexicana, não há justificativa para que os EUA imponham as taxas de 25% sobre as importações do México, destacando que o país colaborou com o vizinho norte-americano em questões de migração, segurança e combate ao tráfico de drogas.
“Não há razão, fundamento ou justificativa para apoiar esta decisão que afetará nosso povo e nossas nações. Ninguém ganha com esta decisão”, disse Sheinbaum em entrevista a jornalistas, afirmando que daria detalhes sobre a resposta do México às tarifas no próximo domingo (9).
*Matéria em atualização

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