Companhia aérea passou pela primeira audiência na Justiça dos EUA após acionar Capítulo 11 da Lei de Falências. Azul detalha redução de frota e diz que recuperação judicial não terá impacto aos clientes
Após a aprovação do pedido de recuperação judicial da Azul Linhas Aéreas na Justiça dos Estados Unidos, e do detalhamento por parte da companhia de como será o processo, o g1 preparou uma reportagem para explicar, em cinco pontos, o que de mais importante vai acontecer no plano de reestruturação financeira da empresa.
A companhia entrou com pedido de proteção sob o Capítulo 11 da Lei de Falências — mecanismo semelhante à recuperação judicial no Brasil.
A Azul informou que o objetivo da medida é reduzir significativamente o endividamento da companhia e gerar caixa.
Nesta reportagem você vai ver:
Qual a intenção da Azul com a recuperação judicial?
Vai ter impacto para os clientes?
Qual vai ser o financiamento que a empresa vai receber para eliminar a dívida?
Vai reduzir frota e ter demissões?
Parceria com empresas americanas
Qual a intenção da Azul com a recuperação judicial?
O processo de recuperação nos Estados Unidos “permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.
Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (30), o vice-presidente institucional da empresa, Fábio Campos, afirmou que a corte norte-americana aprovou os aproximadamente 20 pedidos feitos na primeira audiência de recuperação judicial.
Segundo a empresa, a intenção é manter todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, conseguir um novo empréstimo.
Vai ter impacto para os clientes?
Segundo o vice-presidente, não. Fábio Campos afirmou que o processo de recuperação judicial não terá nenhum impacto para os clientes e a operação seguirá normalmente, sem nenhuma alteração.
“A empresa já ingressou no seu processo de reestruturação e a nossa operação segue normal. Tudo será honrado em relação aos nossos clientes. A empresa segue operando com o nosso valor número 1 que é a segurança. Nada será afetado em relação à segurança dos clientes”, explicou.
Qual vai ser o financiamento que a empresa vai receber?
O processo de recuperação judicial prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para eliminar a dívida.
Azul detalha como será financiamento de recuperação judicial para eliminar dívida
“Parte desse capital será usada para comprar uma parte da dívida e parte para custear a operação da empresa durante esse período”, disse Campos.
Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
Vai reduzir frota e ter demissões?
O vice-presidente explicou que a redução de 35% na frota, já anunciada no momento do pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, na verdade, se trata da devolução de alguns modelos de aeronaves mais antigos, que deixaram de ser usados. A maioria dos aviões é da categoria Embraer E-1.
“Isso não quer dizer uma redução. Boa parte desses aviões são aviões que já estavam paradas por falta de motores, ou falta de peças e por isso já não estavam atuando na frota da Azul. Outra parte desse número na verdade são pedidos futuros, pedidos de aeronaves que viriam em 2027, 2028 e 2029, e que a Azul vai renegociar nesse processo de reestruturação financeira. A ideia é voar cada vez mais com aeronaves de última geração”, explicou.
Segundo a companhia, as devoluções visam otimizar as operações com menor custo, com modelos novos, mais econômicos, que seriam incorporados enquanto contratos de leasing (aluguel de aeronaves) seriam encerrados.
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Além disso, Campos garantiu que a empresa não prevê, mesmo com a recuperação judicial em curso, fazer pacotes de demissão em massa. “Nossa prioridade é 100% esse processo nos Estados Unidos, mas não prevemos nenhuma ação de corte, como demissões, por exemplo”, pontuou.
Parceria com empresas americanas
A empresa também destacou que a medida conta com o apoio de seus principais stakeholders, incluindo detentores de títulos, sua maior arrendadora, a AerCap, e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
No caso das empresas americanas, a parceria será com aporte financeiro e também com atuação na apuração.
“Todos os nossos parceiros acreditam muito no nosso trabalho. Acreditam no nosso modelo de negócio, então estamos muito confiantes que, com o apoio dos nossos parceiros, esse processo será cada vez mais célere”, contou.
Pandemia, cadeia de suprimentos…
Em comunicado aos investidores, John Rodgerson, CEO da Azul, atribuiu as dificuldades financeiras da companhia à pandemia de Covid-19, às turbulências macroeconômicas e aos problemas na cadeia de suprimentos da aviação.
O que está por trás da suspensão de rotas e cancelamentos de voos pela Azul: CEO cita corte de custos, falta mundial de peças e dólar alto
Em nota, o Ministério dos Portos e Aeroportos disse que “acompanha com atenção o processo de recuperação judicial da companhia aérea Azul”.
O governo acredita que a reestruturação será bem-sucedida, como ocorreu com outras empresas do setor, como Latam e Gol. O ministério reforçou que segue monitorando o setor aéreo e oferecendo apoio institucional às companhias.
Recuperação judicial da Azul: relembre os problemas da companhia aérea
Problemas recentes
O processo de recuperação judicial é mais um episódio de problemas recentes aos quais a companhia conviveu no último ano. Entre eles, estão a suspensão de rotas no Brasil e cancelamentos de voos. Segundo Fábio Campos, não há previsão de suspensão de novas rotas por conta do processo de recuperação judicial.
Além disso, a aérea fez uma negociação com credores para eliminar R$ 11 bilhões em dívidas.
Em entrevista ao g1 em janeiro, o CEO da empresa, John Rodgerson, disse que o acordo deixaria a companhia mais “forte do que nunca” e apontou corte de custos, falta de peças e dólar alto como razões para as suspensões e cancelamentos.
Avião da Azul decola do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
Ricardo Moraes/ Reuters
Rotas suspensas: CEO da Azul cita corte de custos, dólar alto e falta mundial de peças
‘Não vou voar onde estou perdendo dinheiro’
Na entrevista ao g1 em janeiro, John Rodgerson apontou corte de custos, opção por rotas mais lucrativas, falta mundial de peças e motores, alta do dólar como fatores para as suspensões de voos no início do ano. Relembre a entrevista no vídeo acima.
“Não vou continuar voando onde estou perdendo dinheiro. Então, como qualquer empresário, você aloca seus recursos da melhor forma possível”, disse à época.
O CEO pontuou que embora tenha anunciado a suspensão de rotas, a Azul permanece expandindo o mercado. “Antes da pandemia, a Azul operava em 110 cidades do Brasil. Hoje estamos em 160, e vamos para 150 com esses fechamentos, mas estamos servindo muito mais cidades que servíamos antes”, afirmou.
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