Comitê de Política Monetária (Copom) vem subindo a taxa Selic desde setembro do ano passado para conter as pressões inflacionárias. Diretores do BC aguardam desaceleração da economia para adotar política de juros menos agressiva. Banco Central do Brasil (BC).
Adriano Machado/ Reuters
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta semana e pode optar por interromper o processo de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 14,75% ao ano — o maior patamar em quase 20 anos.
A decisão será tomada na próxima quarta-feira (18), e anunciada após as 18h.
A maior parte do mercado, segundo pesquisa conduzida pelo BC na semana passada com mais de 130 instituições financeiras, acredita que o cenário já possibilita uma interrupção do ciclo de alta dos juros — que vigora desde setembro do ano passado.
“O Copom deve encerrar o ciclo de aperto monetário em junho, mantendo a Selic em 14,75% ao ano, mas sinalizando estabilidade da taxa por um período prolongado”, diz o Itaú, em comunicado.
Entretanto, há bancos que projetam um novo aumento na taxa básica da economia, para 15% ao ano.
“Nossa expectativa é de um ajuste final de +25 bps [alta de 0,25 ponto, para 15% ao ano] na próxima semana, reforçando a credibilidade anti-inflacionária do Banco Central em sua atual composição, acompanhado de indicação de estabilidade dos juros em 15% até o fim do ano, ao menos”, avaliou o banco ABC Brasil.
Entenda como age o BC
🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções estão em linha com as metas, pode baixar os juros. Se estão acima, tende a manter ou subir a Selic.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo semestre de 2026.
Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 5,44% (com estouro da meta), 4,5%, 4% e em 3,85%. Ou seja, acima da meta central de 3%, buscada pelo BC.
O BC admitiu recentemente que a meta de inflação pode ser novamente descumprida em junho deste ano, ao completar seis meses seguidos acima do teto de 4,5%.
Na ata de sua última reunião, realizada em maio, o BC informou que se manterá vigilante e a “calibragem” (ritmo) do aperto monetário apropriado (alta do juro) seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação para as metas.
Desaceleração da economia e juro alto por período prolongado
O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país.
▶️Na ata da última reunião do Copom, divulgada em maio, o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo.
▶️Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.
▶️O Banco Central também informou que o juro alto já contribui para desaceleração da atividade e que impacto na geração de empregos deve se aprofundar.
Entretanto, em meados de maio, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que faz sentido que o Banco Central mantenha taxas de juros em um patamar elevado, chamado de “mais restritivo” no jargão técnico, por um período mais prolongado de tempo.
Lebron ou Michael Jordan?
Gabriel Galípolo entrevista Roberto Campos Neto
Reprodução do Youtube do Banco Central
Faltando menos de uma semana para a definição da taxa de juros, o Banco Central divulgou mais uma entrevista que do presidente da instituição, Gabriel Galípolo, com ex-dirigentes do BC.
Desta vez, o bate-papo foi com o ex-presidente da instituição, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro para comandar o Banco Central.
Ele ficou no cargo até o fim do ano passado, tendo sido bombardeado por críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e integrantes do PT, em várias ocasiões. A acusação era de que ele teria comandado elevação dos juros para frear a atividade e minar o governo petista.
Durante a conversa com Campos Neto, Galípolo, indicado por Lula para chefiar o BC até o final de 2028, mostrou afinidade e alinhamento com o ex-comandante do Banco Central.
Ele citou uma reunião no qual os dois votaram de forma diferente, em maio do ano passado, quando Campos Neto optou por um corte menor na taxa de juros. Galípolo, que queria uma redução maior, foi voto vencido.
A decisão dividida causou reação no mercado financeiro, que viu, no momento, um BC menos técnico na gestão Lula. Nas reuniões seguintes, porém, ambos votaram juntos por elevações nos juros.
“Teve duas reuniões [do Copom] divididas, uma votamos juntos e uma votamos separados. A que votamos separados, a reunião em si foi relativamente rápida. E a maior divergência que eu tive com você foi você tentar me convencer que o Lebron jogava melhor que o Michael Jordan, coisa que eu jamais ia admitir em uma reunião dessa” , disse Galípolo.
Já Campos Neto afirmou que é difícil receber críticas de integrantes do governo, mas observou que “todo banqueiro central passa por isso”, não só no Brasil. “Quando você esta na defesa, não esta no ataque, um pouco como no futebol. E quando está gastando muito tempo se defendendo, é um tempo que poderia estar fazendo coisas diferentes, projetos. Dessa parte eu não tenho saudade”, declarou.
Por fim, ex-chefe do BC disse que buscou fazer uma transição suave Galípolo. “Achava que um bom legado é falar: independente se veio de um lado ou veio de outro, se é partido A ou A, o Banco Central é técnico. A gente vai sentar, discutir e comunicar para as pessoas [as decisões]. Isso aqui é um órgão técnico e vai continuar assim”, disse Campos Neto.

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