Volume confiscado em 2023 já supera o total recolhido em 2022, mostram dados da Receita Federal obtidos pela GloboNews. Cigarros eletrônicos: ANVISA faz consulta pública
As apreensões de cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes, dispararam em todo o território nacional nos últimos cinco anos. É o que mostram dados da Receita Federal obtidos pela GloboNews.
Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo somam o maior número de mercadorias confiscadas. Juntos, os estados representam 84% do material apreendido no país entre 2019 e outubro de 2023 (veja mais abaixo).
Em quase cinco anos, as apreensões no Brasil dispararam de 23 mil unidades em 2019 para mais de 1,1 milhão em 2023. Em valor estimado de mercadorias recolhidas, o salto foi de R$ 1,9 milhão para R$ 53,4 milhões (veja mais abaixo).
Vale lembrar que, desde 2009, o país proíbe a comercialização, a importação e a propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar.
Apreensões de cigarros eletrônicos
Arte g1
Estados com mais apreensões
Os dados da Receita Federal mostram que o Paraná é o estado com maior número de cigarros eletrônicos confiscados. Foram, no total, 1,4 milhão de unidades recolhidas entre 2019 e outubro de 2023.
Em seguida, estão o Mato Grosso do Sul, com 603 mil, e São Paulo, com 324 mil.
Na outra ponta, o Piauí é o estado com menos apreensões: foram apenas 19 no mesmo período, seguido do Acre (87) e da Paraíba (134). Veja na arte abaixo.
Anvisa abre consulta pública
Como parte de um processo de revisão regulatória, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu nesta terça-feira (12) uma consulta pública para debater a liberação dos chamados Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs).
O formulário ficará disponível por 60 dias para pessoas interessadas em contribuir com a proposta de regulamentação.
Aumento da demanda
Para o presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), Edson Vismona, as apreensões se tornaram expressivas justamente por conta do aumento da demanda pelos cigarros eletrônicos. Atualmente, o Brasil tem 2,2 milhões de usuários desses dispositivos.
“A proibição pela Anvisa criou o monopólio do crime, do contrabando. Esse é o cenário que está colocado”, critica o especialista.
Riscos à saúde
A presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia, Margareth Dalcolmo, classifica como uma “falácia” a afirmação de que os cigarros eletrônicos funcionam como redução de danos para quem fuma cigarros comuns.
“Nem nós, cientistas, sabemos quantas e quais substâncias compõem esses dispositivos”, afirma Dalcomo, reforçando os riscos à saúde.
“O que se sabe é que há altíssimas taxas de nicotina, que é a substância química responsável por gerar dependência. É por isso que tenho insistido que estamos gerando novas legiões de dependentes”, conclui.