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De US$ 106 mil a US$ 80 mil: como o Bitcoin atingiu seu pico e caiu mais de 20% com Trump

Empolgação com eleição do republicano deu lugar a um maior sentimento de cautela com as ameaças tarifárias. Trump na conferência Bitcoin 2024, em 27 de julho, em Nashville, no Tennessee (EUA).
Jon Cherry/GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
A trajetória de queda do preço do Bitcoin observada nas últimas semanas continua nesta sexta-feira (28), dia em que a criptomoeda chegou a cair abaixo dos US$ 80 mil (cerca de R$ 466 mil) durante o pregão pela primeira vez desde novembro de 2024, quando Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos.
Da eleição de Trump, em 6 de novembro, até 21 de janeiro, o Bitcoin acumulou uma alta expressiva de mais de 50% e atingiu a máxima histórica de US$ 106.157. O forte otimismo com o ativo era consequência das expectativas de que o novo presidente americano trabalharia em benefício das criptomoedas.
Com pouco menos de dois meses de mandato, porém, nenhuma iniciativa para beneficiar as criptos foi tomada, ao passo que as ameaças tarifárias de Trump assustam investidores de mundo todo, que abandonam seus ativos de risco e buscam investimentos mais seguros.
Desde o recorde registrado em meados de janeiro até o fechamento do pregão desta quinta-feira (27), o Bitcoin já acumula queda de mais de 20%. E continua caindo: por volta das 09h30 desta sexta, a criptomoeda recuava 7% e era negociada por US$ 80,3 mil.
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Da disparada à queda
O presidente republicano prometeu durante sua campanha eleitoral flexibilizar as regulamentações das criptomoedas e até sugeriu a criação de uma reserva estratégica de bitcoins nos EUA.
No fim de julho de 2024, durante a campanha, Trump participou da conferência Bitcoin 2024 e disse aos participantes do evento que eles seriam “muito felizes” com uma eventual vitória sua.
“Se a criptografia vai definir o futuro, quero que seja extraída, cunhada e fabricada nos Estados Unidos”, disse o republicano.
Essa postura favorável às criptomoedas foi uma mudança nos discursos de Trump. Há alguns anos, ele se manifestava publicamente contra esse tipo de ativo.
Em um post no X (antigo Twitter) em 2019, Trump afirmou que não era “fã” do bitcoin e de outras criptomoedas, dizendo que esses ativos “não são dinheiro e cujo valor é altamente volátil e baseado no ar”.
“Ativos criptográficos não regulamentados podem facilitar comportamento ilegal, incluindo comércio de drogas e outras atividades ilegais”, disse o republicano à época.
A mudança de postura, segundo especialistas ouvidos em reportagem do g1, é consequência de uma mudança do perfil do eleitorado norte-americano, que tem cada vez mais criptomoedas.
Com essa postura adotada por Trump, sua vitória nas eleições de novembro fez o valor do bitcoin e de outras criptomoedas dispararem.
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Porém, a empolgação durou pouco. Além da nomeação de alguns funcionários favoráveis às criptomoedas após sua posse, Trump ainda não trouxe medidas concretas para os investidores.
“Levando em consideração o contexto macroeconômico, não é surpreendente ver que estamos nesta situação, especialmente porque os investidores ainda aguardam medidas concretas da administração Trump a favor dos criptoativos”, comentou Stefan von Haenisch, da empresa de reservas de criptomoedas Bitgo, em uma entrevista à agência Bloomberg.
Além disso, o risco de uma guerra comercial generalizada, após o presidente americano impor tarifas contra diversos países e produtos, aumentou a sensação de incerteza econômica, o que tem levado os investidores a se desfazerem de seus ativos mais arriscados, caso das criptomoedas.
A queda desta sexta-feira acontece após Trump afirmar, na véspera, que pretende impor taxas de 25% sobre todos os produtos importados da União Europeia que chegam ao país. O presidente também indicou que as taxas impostas ao México e ao Canadá devem entrar em vigor em 4 de março e que a China deve receber uma tarifa adicional de 10% nesse dia.
Tarifas sobre o que chega aos EUA devem encarecer os custos de produção em diversas cadeias produtivas, o que pode ser repassado ao consumidor final, gerando mais inflação.
Uma inflação acelerada pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a elevar seus juros, hoje entre 4,25% e 4,50% ao ano.
E juros maiores também elevam a rentabilidade dos títulos públicos do país, considerados os mais seguros do mundo — o que atrai os investidores, em busca de opções mais seguras, retirando recursos de outros investimentos e encarecendo o dólar em nível global.
* Com informações das agências de notícias Reuters e AFP

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