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Veja como alta do dólar impacta no agronegócio e afeta exportações de MT

Alta da moeda tem um impacto duplo para o agronegócio, segundo especialista. Por um lado, pode beneficiar as exportações brasileiras. Por outro, aumenta os custos de produção. O agronegócio sustentável desempenha um papel fundamental como motor da economia, estabelecendo uma ligação vital entre o campo e a cidade.
Gabriel Faria
O dólar desempenha um papel crucial na economia mundial e, em Mato Grosso, polo do agronegócio, a valorização da moeda gera preocupações entre produtores e especialistas, que temem o impacto no aumento dos custos de insumos e na baratização de alimentos produzidos. Nesta quarta-feira (6), o dólar ganhou força e bateu os R$ 5,8619 na máxima do dia, após a vitória de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Nas últimas 24 horas, as pesquisas pela moeda dispararam nos principais buscadores da internet. Moradores de Mato Grosso chegaram a ficar no ranking dos três estados que mais se interessaram pelo assunto. Conforme o Google Trends, os municípios de Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde, cidades polo do agro no estado, lideraram as buscas locais pela moeda.
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💵Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que a valorização do dólar, embora benéfica para questões econômicas, pode trazer desafios para a produção brasileira. Isso ocorre porque os produtos nacionais se tornam mais competitivos em relação aos concorrentes estrangeiros, mas o aumento do câmbio eleva os custos de produção, já que muitos insumos utilizados na agricultura são importados e cotados em dólar.
O professor de economia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Maurício Munhoz, contou que a alta da moeda tem um impacto duplo para o agronegócio. Por um lado, pode beneficiar as exportações brasileiras, tornando os produtos locais mais competitivos no mercado global. Já por outro lado, os custos de insumos importados, como fertilizantes e defensivos agrícolas, aumentam, o que pode pressionar ainda mais as margens de lucro dos produtores.
“No geral é melhor do que ruim [a alta do dólar]. O saldo é positivo para o agronegócio, porque o produto se valoriza lá fora. O agro exporta, e agora eles conseguem talvez exportar mais, pois a referência é o dólar. Então, se o dólar aumenta, a mercadoria também aumenta, é algo automático”, explicou.
No entanto, Maurício alerta que, mesmo com esse impacto positivo nas exportações, os produtores precisam equilibrar as vantagens com os desafios, principalmente do aumento dos custos de produção.
“Embora o aumento do dólar seja, no geral, positivo para as exportações, o produtor não pode esquecer que o custo dos insumos também sobe. Por isso, o impacto final depende de uma série de fatores, como a quantidade de insumos que o produtor precisa importar e a variação do mercado externo”, destacou o economista.
🚜O que diz o setor
Para pessoas ligadas ao agronegócio, a alta não é tão vantajosa para a economia local neste momento. João Birkhan, CEO do Sistema de Informação de Mercado (Sim Consult) explicou ao g1 que o agronegócio local não está no pico de comercialização da safra atual, mas sim na fase de planejamento e plantio da próxima safra, o que traz mais desafios do que benefícios com a valorização da moeda.
“A comercialização da safra 2023/2024 já está bastante reduzida. O saldo da safra já colhida foi negociado em boa parte, e agora estamos começando a plantar a safra 2024/2025”, afirmou.
Ele ressaltou que a moeda impacta diretamente nos custos de produção de diversas agrícolas cultivadas, como é o caso da soja, um dos principais grãos produzidos no estado.
“A soja é um produto global, cotado internacionalmente em dólar. Cada vez que o dólar sobe, o preço da soja em reais também sobe. Mas, isso é uma ilusão. O que ocorre é que, enquanto o valor da soja aumenta, os custos de produção, que também são dolarizados, aumentam na mesma proporção”, explicou.
📉Birkhan também afirmou que a maioria dos produtores de Mato Grosso não têm capital próprio para financiar a produção e precisa recorrer ao crédito para plantar. Esse financiamento é feito em dólares, o que significa que, mesmo que o preço da soja aumente, os custos de produção também aumentam igualmente.
“É um cenário complicado. O que vemos é que os preços em reais ficam mais caros, mas isso não significa que o produtor vai ter um lucro proporcionalmente maior”, ressaltou.
O produtor e presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson Redivo, disse que a recente alta do dólar pode impactar os produtores locais, especialmente aqueles que atuam no setor agrícola. Para ele, a valorização da moeda americana tem gerado efeitos adversos, principalmente em relação aos impactos da oscilação cambial, que são sentidos de maneira desigual pelos diferentes grupos de agricultores.
“O preço da soja continua o mesmo, mas o aumento do dólar impacta diretamente na compra dos insumos, que são dolarizados. Esses insumos, como fertilizantes e combustíveis, têm seu preço ajustado quase que imediatamente, enquanto o valor da soja, cotada em reais, não sofre o mesmo reajuste de forma tão rápida”, explicou.
🌱Mato Grosso é o estado líder na produção de soja, milho, algodão e rebanho bovino no país. Em pouco mais de duas décadas, o Produto Interno Bruto (PIB) estadual passou de R$ 14,8 milhões (2000) para R$ 233,390 milhões (2021), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um crescimento motivado, principalmente, pela agricultura, a principal atividade econômica do estado, que é responsável por mais de 50% do PIB mato-grossense.
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O dólar passou por uma alta significativa nesta manhã, reagindo à vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos. No auge da valorização, a moeda chegou a ser cotada a R$ 5,8619. No entanto, a tendência de alta não se manteve, e a moeda americana passou a perder força ao longo do dia, recuando para a faixa dos R$ 5,70.
A variação também afetou o dólar turismo, que alcançou a máxima de R$ 6,0815, um valor consideravelmente mais alto do que a cotação mostrada em ferramentas como o Google. Essa discrepância se deve à diferença entre a cotação comercial e o valor do dólar utilizado por quem viaja ou realiza compras internacionais.
Apesar da alta momentânea, o dólar comercial não chegou a atingir a marca histórica dos R$ 6,00. A maior cotação registrada para o dólar comercial aconteceu em maio de 2020, quando a moeda americana alcançou R$ 5,9007, mas nunca ultrapassou esse valor. O movimento de alta e queda do dólar é frequentemente sensível a fatores externos, como o cenário político internacional, e sua volatilidade tem impacto direto na economia brasileira, principalmente no mercado de commodities e nos custos de importação.

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