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Seca e queimadas destroem pastagens e leite e derivados ficam mais caros para os consumidores

A situação deve ser amenizada com a expectativa de chuvas para os próximos 15 dias, de acordo com os serviços de informação meteorológica. Produtores de leite sofrem com a seca no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Os produtores de leite de todo o Espírito Santo estão sofrendo com a falta de chuva e as consequências das queimadas que atingiram o estado nos últimos meses. Os pastos estão secos, o capim mal nasce e há pouca água disponível para os animais.
Com isso, o gado perde peso e produz menos leite, impactando não apenas a pecuária e a produção leiteira, mas também o bolso do consumidor final, que está comprando leite e derivados com preços mais elevados.
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Segundo o presidente da Associação de Criadores e Produtores de Gado de Leite do Espírito Santo (ACPGLES), Fábio Pagung, o leite chegou a aumentar até R$ 1,20 o litro para o consumidor final.
A situação deve ser amenizada com a expectativa de chuvas para os próximos 15 dias, conforme os serviços de informação meteorológica.
A Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) explicou que a falta de chuvas no período de inverno e a redução da quantidade de horas de luz por dia afetam a produção das forrageiras, principalmente as pastagens, que formam a base alimentar dos bovinos. Essa seca afeta a produção de leite e carne nesta época do ano.
Produtores de leite sofrem com a seca no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Com a falta de chuvas, essas pastagens ficam com menores quantidades de nutrientes e, consequentemente, os animais ficam com restrição alimentar e há queda na produção. Como consequência, o estado pode ter menor oferta de produtos no mercado, o que faz com que os preços tendam a aumentar.
Prejuízos
Na propriedade do Luciano Maitan, em Itapemirim, no Sul do estado, a base da alimentação do gado leiteiro tem sido a cana-de-açúcar triturada, que depois é misturada a outros insumos para sustentar os animais. A estratégia é usada por causa da seca. O pasto quase não tem capim.
“O gasto maior hoje é alimentado com ração concentrada, polpa cítrica e cana. A prefeitura doa pra gente um farelo que ajuda bastante, mas falta complementar muito ainda”, declarou o produtor rural.
Também em Itapemirim, o produtor rural Gabriel Freitas conta que os agricultures estão passando por dificuldades financeiras, já que o preço do leite não subiu de forma proporcional ao aumento dos custos da produção.
Produtores de leite sofrem com a seca no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
“Este ano, assim como foi em 2022, está sendo um desafio muito grande. Por mais que haja reajustes no valor do leite devido à baixa produção no momento, ainda assim se torna complicado, porque os insumos sobem muito. Não consegue ser sustentável, porque o preço melhora, mas o insumo também tem um aumento. Você fica na luta: precisa melhorar a produção, mas o insumo está caro, conta com o pasto, mas o pasto acaba. Se torna cada vez mais difícil”, declarou o produtor.
Na propriedade, Gabriel usa a silagem de milho, junto a produtos como a cana e a mandioca.
“A pastagem acaba, você tem que comprar o insumo. A silagem de milho ficou muito cara, acabamos não conseguindo manter isso, e procuramos a cana ou a mandioca. Porém, a rentabilidade não é grande, não consegue dar uma produção tão grande quanto a silagem. Lutamos para equilibrar o melhor possível a dieta. Conseguimos usar a cana, que é pobre em proteína, então temos que complementar com ureia ou soja, para balancear a alimentação do gado”.
Norte do estado
A situação é a mesma no Norte do estado, no município de Linhares. O produtor Geraldo Butzlaff Filho se preparou durante todo o ano para ter insumos durante a seca. A alimentação do gado na propriedade dele é complementada com bagaço de cana.
“Eu pego o bagaço da cana que sobra, misturo ração no meio, com palha de café e ureia. Por incrível que pareça, as minhas vacas, comendo isso aqui, mantiveram o leite. Estão comendo palha de café, bagaço de cana e piquete irrigado. Também abasteço meus vizinhos com silagem de milho”, explicou Geraldo.
Produtores de leite sofrem com a seca no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Também em Linhares, o produtor Lézio Sathler explicou que usou a tecnologia e sistemas para a preservação ambiental e represamento da água na propriedade. A produção dele caiu quase pela metade, mesmo tomando esses cuidados.
“O gado, no período de seca, perde até 20% do seu peso. A produção de leite tem uma queda de até 40%, mesmo com os cuidados. Também aumentam os custos com irrigação, mão de obra e equipamentos”, disse Lézio.
Extremos
Em Itapemirim, os produtores também sofrem com o excesso de água na área de cheias. “Tivemos enchentes de dezembro a abril, e depois temos a falta de água. Os poços em que o gado bebe água, secam. No final de outubro, esperamos as chuvas para amenizar nosso sofrimento”, declarou Luciano.
No entanto, nesta época, o problema tem sido as queimadas. De acordo com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), as queimadas são proibidas nesta época do ano. “De abril a outubro, não existe autorização para queimadas. Por conta, exatamente, da condição climática. É um clima mais seco, por isso não é autorizado o uso do fogo”, pontuou Eduardo Chagas, diretor técnico do Idaf.
Produtores de leite sofrem com a seca no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Nos outros meses, é permitida a queima controlada, desde que com autorização do Idaf. O técnico do órgão vai até a propriedade, verifica se há condições de fazer o uso do fogo e emite a autorização.
“Isso é feito de forma muito organizada para que não se tenha um desastre, uma queima que se alastre e cause danos à vegetação”, explicou Eduardo. A previsão é de que a chuva só chegue no final de outubro.
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